Valores
Os valores são elementos intrinsecamente complexos, e a relação entre liberdade e angústia é um tema profundamente explorado na filosofia existencialista.
A Complexidade dos Valores
A complexidade dos valores deriva de várias dimensões:
Subjetividade e Objetividade:
Subjetividade: Valores são, em parte, construções pessoais e culturais. O que uma pessoa ou sociedade valoriza pode não ser o mesmo para outra. Essa dimensão leva à diversidade de sistemas de valores.
Objetividade (ou aspiração a ela): Ao mesmo tempo, existem valores que são amplamente reconhecidos como fundamentais para a dignidade humana e a convivência, como a justiça, a verdade e a compaixão. A tensão entre o que é pessoalmente valorizado e o que é universalmente aceito cria complexidade.
Hierarquia e Conflito:
Hierarquia: Os indivíduos e as sociedades costumam organizar seus valores em uma hierarquia, onde alguns são considerados mais importantes que outros. No entanto, essa hierarquia pode não ser explícita e pode mudar com o tempo ou em diferentes contextos.
Conflito de Valores: Muitas vezes, diferentes valores podem entrar em conflito. Por exemplo, o valor da segurança pode colidir com o valor da liberdade, ou o valor da honestidade pode conflitar com o valor da lealdade em uma situação específica. Decidir qual valor priorizar em um dilema ético é um exemplo clássico da complexidade dos valores.
Dinâmica e Transformação:
Os valores não são estáticos. Eles evoluem com a experiência individual, o aprendizado, as mudanças sociais, tecnológicas e culturais. O que era valorizado em uma época pode ser questionado ou abandonado em outra.
Fundamentação:
A própria origem e justificação dos valores são complexas. Eles podem derivar de crenças religiosas, tradições culturais, racionalidade filosófica, emoções humanas ou uma combinação de todos esses fatores.
Liberdade e Angústia
A relação entre liberdade e angústia é um dos pilares da filosofia existencialista, especialmente em pensadores como Søren Kierkegaard e Jean-Paul Sartre. A ideia central é que a liberdade radical do ser humano gera angústia.
Responsabilidade Ilimitada: Se somos verdadeiramente livres para escolher, somos também inteiramente responsáveis por nossas escolhas e suas consequências. Não podemos culpar Deus, a sociedade, a natureza humana ou qualquer outra coisa por quem nos tornamos ou pelo que fazemos. Essa responsabilidade total pode ser esmagadora e gerar angústia.
Falta de Essência Pré-Determinada: Para os existencialistas, "a existência precede a essência". Isso significa que não nascemos com um propósito ou uma natureza pré-definida (uma "essência"). Somos "condenados a ser livres" para criar nossa própria essência através de nossas escolhas. Essa ausência de um roteiro preexistente ou de um significado inerente ao universo pode ser desorientadora e angustiante.
Abertura e Incerteza: A liberdade implica uma abertura constante para o futuro e para as infinitas possibilidades. Não há garantias ou certezas pré-estabelecidas. Essa incerteza fundamental sobre o que escolher e quais serão os resultados pode levar à angústia existencial. É a vertigem de estar diante de um abismo de possibilidades.
A Escolha Diante do Nada: A angústia surge da percepção de que, em última análise, não há um "fundamento" ou uma "razão" última para nossas escolhas além da nossa própria liberdade. Estamos sozinhos com nossas escolhas, criando nossos valores e nosso significado em um universo que não nos oferece nenhum sentido intrínseco.
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